segunda-feira, 24 de maio de 2010

ELETRÔNICA CRISTÃ

ELETRÔNICA CRISTÃ

DJs do Electrocristo pregam evangelização na pista de dança; sexo e drogas estão fora do cardápio

Cristoteca louva a Deus em plena balada
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A missa termina, e é a senha para a festa começar e se estender até as 6h. Mas, nas quatro horas seguintes (sim, a missa terminou às 2h), nada de drogas, bebida ou cigarros. O lugar é a Cristoteca, e os DJs que assumem o controle são os do Electrocristo, que há quatro anos realizam o que definem como "evangelização noturna através da música eletrônica".
Da capa dos CDs lançados pelo grupo -"A Festa by Electrocristo", de 2005, e o recém-concluído "A Festa Continua"- às camisetas usadas pelos seis integrantes do projeto, à venda na internet, tudo transparece modernidade. O tom, entretanto, é de pregação, no discurso do grupo e nos vocais das músicas. No primeiro CD, o tom é mais explícito, numa espécie de "dance music" católica; no segundo, é mais insinuado, entre batidas eletrônicas, com toques de estilos como electro e trance.
"Se sentimos que a pista perde a comunhão com Deus, paramos e rezamos um pouco. Ou lemos um trecho da Bíblia", diz Leonardo Ferreira Souto Guimarães, 28, DJ há oito anos e integrante do grupo. "Tocamos em Foz do Iguaçu, por exemplo, e um cara fez uma bexiga com camisinha e começou a brincar com ela. Isso não pode."
Entre os ensinamentos aos que querem ser DJs católicos (o Electrocristo dá aulas) um dos principais é exatamente prestar atenção no comportamento da pista. "Observe se a pista está louvando ao Senhor. O DJ pode levar a pista para o céu e também para o inferno, reflita sobre isso", lê-se no www.electrocristo.com.

Pioneiro
O Electrocristo é um dos primeiros grupos a seguir no Brasil os passos de DJs americanos e europeus que misturam música eletrônica e religião. Léo, por exemplo, tocava em casas noturnas paulistas convencionais. Católico, como os outros integrantes, resolveu misturar fé e música. "Passamos a ter necessidade de um ambiente bacana, onde seja possível dançar, mas sem drogas."
Um dos integrantes do Electrocristo, o DJ Leoni, é um dos fundadores do movimento de música eletrônica católica no país.
O primeiro CD do grupo vendeu 5.000 cópias. O segundo, lançado pela gravadora Paulinas-Comep, terá uma tiragem inicial de 6.000. Estará disponível nas lojas a partir de 1º de maio.
Além da Cristoteca, "residência do Electrocristo", como diz Léo, o grupo toca em casas noturnas mais conhecidas, como Moinho Santo Antônio e Credicard Hall. Também viaja pelo país. Eles pensam agora na possibilidade de realizar a primeira "rave cristã", na represa de Guarapiranga (SP).

Cristodrink's
A Cristoteca é um galpão localizado no Brás, centro de SP, cedido pela comunidade Aliança de Misericórdia, onde o Electrocristo toca todas às sextas-feiras para até 1.500 freqüentadores.
Os DJs estão o tempo todo atentos para evitar excessos, mas a preparação para que não se perca o controle sobre a festa começa antes, quando geralmente entra em cena um padre convidado. No caso da sexta retrasada, o padre Alexandre Júnior, 25. "A Cristoteca é uma iniciativa que permite ao jovem experimentar Deus dentro de sua realidade de vida", elogia.
Padre há três meses, ele entra cantando e dançando junto com a banda que inicia a noite na Cristoteca, por volta das 23h30. Ao longo da missa, entretanto, o tom muda. "Se você quer passar a noite aqui só para descobrir alguma menina santinha para se aproveitar, saiba que na sua cabeça só tem cupim", adverte, aplaudido.
Durante toda a noite, uma capela fica aberta em um espaço anexo para que os freqüentadores possam fazer orações. E há uma espécie de bar improvisado, nomeado "Cristodrink"s", onde as bebidas disponíveis para venda são vitaminas, sucos e refrigerantes.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0904200615.htm

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