terça-feira, 24 de abril de 2007

MATÉRIA SITE GUAI DA SEMANA

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NOTÍCIAS - ESPECIAIS
"Rave do Senhor"
Igreja católica investe na música eletrônica para atrair jovens e cria até geração de DJs especializados no gênero


Por Monique Oliveira


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Em meio a versos que evocam o "Pentecostes", festivais católicos de música eletrônica esquentam a madrugada paulistana e fazem das batidas por minuto um caminho em direção ao Senhor. Sem drogas, álcool ou sexo, a mesma igreja que veta o uso da camisinha propaga a evangelização noturna com a ajuda das "Raves de Jesus".
Um exemplo é a discoteca católica batizada de "Cristoteca". Em nome do projeto Renovação Carismática, a igreja abandona seu conservadorismo em troca de uma maneira mais atrativa de louvar a Deus. Das 23h às 5h, a festa corre madrugada adentro no bairro do Brás, em São Paulo. O público parece ser dos mais heterogêneos, mas logo as diferenças desaparecem: unificados pela fé, DJs, bandas, dançarinos e cantores promovem missa por meio da música.

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Dj da Electrocristo Léo Guimarães

"A Cristoteca é diferente das festas do mundo", afirma um dos fundadores do Ministério de Dança dos Servos de Deus, Manoel Brum. No grupo, as roupas são discretas: calça preta e camiseta branca. Segundo ele, não há diferenciação entre homem e mulher; nem qualquer insinuação ou referência que denote sexualidade na dança de Deus: "Todos dançam iguais. Ninguém fica rebolando", revela.

Em seu site, a Cristoteca descreve festas não-cristãs como sendo regadas à "música satânica, drogas, prostituição e levam os jovens a uma desestruturação humana". Como a maioria das igrejas não abre durante a madrugada, pensou-se num formato que pudesse aliar o entretenimento à fé. Os festivais de música católicos viraram, então, uma alternativa para a juventude que quer sair à noite, mas deve ficar longe do pecado.

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Wanderson Santos da Costa, organizador da Cristoteca, confirma a tese: "A festa tem toda uma estrutura que permite a evangelização. Ela contextualiza a música e leva a um outro comportamento". As paqueras, mesmo sem bebida, sempre rolam. Mas há os "controladores" - voluntários que ficam de olho em quem tiver se "pegando" na pista.

Sempre têm aqueles que comparecem, mas não são tão engajados na igreja. De acordo com Manoel, "Esse pessoal não volta mais, porque percebe que é diferente. Alguns tentam se adaptar e conhecer melhor a proposta". Os ritmos são os mais variados, mas o Electrocristo, grupo de DJs que se revezam na noite, tem espaço garantido com o que chamam de "evangelização noturna através da música eletrônica".

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Léo Guimarães, DJ e idealizador do projeto, já tocou em festas não-religiosas, como o extinto The Best Club, nos jardins. A vontade do DJ era dissociar a música eletrônica das drogas e da violência. Léo também é radialista e produz os CDs do movimento. Suas produções são remixes de músicas de cantores consagrados no meio. Uma das composições que bomba nas pistas comandadas pelo DJ é "Lindo Céu" - remix da cantora Adriana.

"Tenho influências de estilos como o trance, o techno e o house, mas de ninguém em específico. Tudo é criação da Electrocristo", afirma. O projeto também conta com uma escola para quem quer pertencer à iniciativa. No entanto, é preciso ter fé: "O objetivo é louvar a Deus. A música é só um caminho".

Para agendar os DJs da Electrocristo, basta falar com a Alessandra pelo telefone (11) 9151-4282 . Já a Cristoteca, acontece todas às sextas-feiras, na Casa Restaura-me (Rua Monsenhor Andrade, 746 - Brás - Informações: 3326-7734).

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